domingo, dezembro 30, 2007

Receita para um Feliz Ano Novo


Há muito que tenho andado arredada desta minha "casa", por motivos de ordem vária.

Mas achei que não podia terminar o ano de 2007 sem deixar aqui uma reflexão sobre aquilo que se costuma exprimir nesta Quadra - votos de um Feliz Ano Novo.

Mas, não basta desejar que o novo ano seja Feliz, Próspero, Óptimo, Excelente... e tantos outros adjectivos que costumamos usar.

Há coisas que não podemos mudar, é certo, que nos vão cair em cima, sem que nada possamos fazer, mas muitas há que estão ao nosso alcance para fazer com que o Ano que vai começar seja realmente NOVO - atitudes e acções que contribuam para um mundo melhor, mais justo, mais solidário e pacífico.

Parecem apenas chavões mas, se não acreditarmos que ainda podemos revertar a situação actual,
enquanto não interiorizarmos a ideia de que podemos e devemos mudar os males da globalização, que somos actores reais nesta "tragi-comédia global", cujo guião pode ser alterado por cada um de nós, então sim, podemos continuar apenas assistindo de cadeira, momentaneamente incomodados com as notícias e imagens que nos entram pela casa dentro, fazendo de conta que nada podemos fazer e continuando com as nossas vidinhas - assim é que o mundo não mudará mesmo !


Para você ganhar um belíssimo Ano Novo...

Não precisa fazer lista de boas intenções

para arquivá-las na Gaveta.

Não precisa chorar de arrependimento

pelas besteiras consumadas

nem parvamente acreditar que por decreto

da esperança a partir de Janeiro

as coisas mudem e seja claridade,

recompensa, justiça entre os homens e as nações,

liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,

direitos respeitados, começando pelo direito

augusto de viver.

Para ganhar um ano-novo

que mereça este nome, você, meu caro,

tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo,

Eu sei que não é fácil mas tente,

experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo

cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, novembro 22, 2007

UMALULIK - Novo blog sobre Timor


http//umalulik.blogspot.com

Acabou de nascer um Blog dedicado a Timor-Leste - UMALULIK (Casa Sagrada, em tétum). Nele procuraremos desenvolver temas socio-culturais de Timor bem como divulgar notícias / eventos / documentos, ligados a este jovem país, quer ocorram localmente quer em Portugal.

Visitem regularmente e dêem os vossos contributos.

terça-feira, outubro 09, 2007

TRIBUTO a CHE GUEVARA


Guevara - Hasta la victoria siempre

"No momento em que for necessário, estarei disposto a entregar a minha vida pela liberdade de qualquer um dos países da América Latina, sem pedir nada a ninguém..."
Che Guevara, 1967

A 9 de Outubro de 1967, há 40 anos, CHE GUEVARA foi assassinado na Bolívia.


Após onze meses de luta, a guerrilha boliviana foi dizimada pelos "Boinas Verdes Quíchuas", tropas de elite do exército boliviano, treinadas pelos EUA especialmente para esse fim.

Che Guevara foi ferido e capturado no dia 8 de Outubro e levado para a aldeia de Higueras onde chegou a ordem do presidente boliviano René Barrientos: Che Guevara deve morrer.

Che Guevara foi executado no dia 9 de Outubro, pelo capitão Gary Prado Salgado, chefe da companhia de rangers do 2. Regimento.

Fonte: http://chuviscos.blogspot.com/

quinta-feira, julho 19, 2007

Está a liberdade em risco?

Se vivemos em democracia, porque é que – nas escolas, nos hospitais e na administração pública – se voltou a viver em clima de medo? O que é que (ainda) nos resta do Portugal amordaçado? Nos últimos meses, têm-se sucedido os casos de alegada perseguição política.

Sara Belo Luís / VISÃO nº 750 19 Jul. 2007

Ssshhhiu...

Falar baixinho, não criticar o chefe à frente dos colegas, evitar contar anedotas sobre a licenciatura do primeiro-ministro. Se vivemos em democracia, porque é que – nas escolas, nos hospitais e na administração pública – se voltou a viver em clima de medo? O que é que (ainda) nos resta do Portugal amordaçado?

Nair Alves não quer ser a heroína desta história. Fez apenas aquilo que a sua consciência mandou, comportou-se como sempre foi educada, reagiu da mesmo maneira que se habituou a reagir durante toda a vida. E hoje, quanto mais fala com a VISÃO, mais se convence que tomou a decisão correcta. Não se calou. Tem 60 anos, 37 de função pública e desde há um mês que integra o grupo dos trabalhadores em situação de mobilidade especial. Ela até reconhece que era necessária uma reforma da administração pública, uma das bandeiras do programa de Governo dos socialistas. Só não pode é concordar com o modo como esta está a ser conduzida. Quadro do Ministério da Agricultura, o primeiro a alimentar a lista de excedentários, Nair Alves tem qualificações académicas, tinha atingido o topo da carreira e, segundo diz, não estava na «prateleira»: «Fui apanhada desprevenida, porque nunca pensei que pudesse ir para a ‘mobilidade’. Eu tinha trabalho e trabalhava. Fui um número entre os 30% de funcionários que era necessário reduzir.»
Durante o processo, apercebeu-se de que as avaliações estavam a ser feitas sem grande critério e que, pelos corredores do ministério, alastrava o receio de ser excluído. «Sentiu-se o pequeno poder das chefias intermédias. Mas quando nos calamos e demonstramos medo, estamos a criar condições para que essa cultura do pequeno poder se mantenha», afirma. E remata: «Após 33 anos de democracia, é um mau sintoma que as pessoas achem que o exercício da cidadania possa pôr em causa o seu posto de trabalho.»

Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE) aos episódios ocorridos na Direcção Regional de Educação do Norte e no Centro de Saúde de Vieira do Minho, passando pelo novo Estatuto do Jornalista (ver caixa), voltou a falar-se de medo, no País. E de censura, e de ditadura, e de repressão, e de saneamento, e de denúncia, e de «bufos», num léxico a fazer lembrar os «tempos da outra senhora». Na véspera de mais um debate sobre o Estado da Nação, marcado para amanhã, 20, que nação amedrontada é esta de que agora se fala?

Cavaquinhos e socratezinhos

Não criticar o chefe em público ou ao telefone. Tão-pouco dizer graçolas sobre a actuação do Governo. Ter cuidado com o que se diz, onde se diz e, sobretudo, junto de quem se diz. Convém não exagerar – nada disto é, como no antigo regime, proibido. Há, no entanto, a noção de que o funcionário exemplar é prudente nas afirmações, moderado nos comentários, contido nas objecções. E que deve seguir o conselho zeloso da secretária de Estado adjunta e da Saúde, Carmen Pignatelli, tendo a «sensibilidade» de falar apenas «nos locais apropriados».
Entretanto, fica para a história o dia em que José Augusto Seabra, ministro da Educação do Bloco Central, não quis saber o nome de quem – para ilustrar o cartaz «Cuidado, não pisem o ministro» – se lembrou de defecar num dos elevadores da 5 de Outubro. Pode dizer-se que Sérgio Abrantes Mendes, juiz do Tribunal da Relação de Évora, ignorou todas as recomendações quando, no princípio do mês, enviou um e-mail para os amigos e colegas, dando conta do seu estado de alma: «Se, antes do 25 de Abril, todos sabíamos que poderíamos ter problemas com a polícia política, para os novos pides não se torna necessário esticar tanto a corda: basta não ser apoiante do partido do Governo.»
À VISÃO, o antigo inspector-geral da Administração do Território e director-geral dos Serviços Judiciários explica que tomou a iniciativa de maneira a impedir que, à sua volta, se instale «um terror reverencial»: «Estamos num estado orwerliano? Estamos num estado policial?»
A escritora e professora do ensino secundário Luísa Costa Gomes fala do sector que melhor conhece. E confessa-se «perplexa» perante o medo que anda no ar, no dia-a-dia das escolas: «Os professores têm medo do desemprego. Têm medo de, no emprego, serem espiados, avaliados, denunciados pelos colegas, sabe-se lá por que razão. Há direitos fundamentais das pessoas que não estão a ser cumpridos, nas escolas.» «Portugal não tem nem História, nem condições económicas, nem tradição moral de democracia – e as pessoas interiorizam muito facilmente medos antigos», conclui.
A este clima, o politólogo José Adelino Maltez chama «subcultura de medo», característica, na sua opinião, dos regimes pós-autoritários: «Não há aqui qualquer novidade. Com Cavaco, tivemos os pequenos cavaquinhos e, agora, com Sócrates, temos os pequenos socratezinhos. Todos desejam ser mais papistas que o Papa.»
O historiador Rui Ramos, por seu lado, prefere não dramatizar. A questão essencial está para lá das tradicionais picardias Governo/oposição e reside no facto de sermos «um país pequeno com um Estado grande». «O sistema está vocacionado para empurrar todas as decisões para cima. E é daí que vem o autoritarismo e a sensação de repressão», esclarece.

"Salazar faz falta"
Pela voz do ex-deputado do PSD Paulo Rangel, a direita cita Sophia para discorrer sobre a «claustrofobia democrática» e, na imprensa, alguns dos mais reputados colunistas retratam o ambiente geral, referindo-se a uma «imagem de um autoritarismo intransigente e sectário» (Eduardo Prado Coelho) e a uma «profunda perversão do regime» (Vasco Pulido Valente). A este propósito, muitos lembram a definição de Winston Churchill («A democracia é a pior forma de governo, à excepção de todas as outras»), alguns arriscam comparações com o Portugal de Salazar.
O primeiro-ministro desce nos índices de popularidade e até o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Carlos Azevedo, aponta «problemas de falta de liberdade».No sector da comunicação social, Francisco Pinto Balsemão teceu duras críticas à política do Governo, referindo-se a um «cerco» que visa «burocratizar, espartilhar, controlar».
O advogado Francisco Teixeira da Mota defende que as alterações legislativas para o sector revelam «um sentido de desconfiança em relação à liberdade de imprensa e à liberdade de expressão». O Sindicato dos Jornalistas e o Movimento Informação é Liberdade, através de Mário Bettencourt Resendes, seu porta-voz, afirmam que o novo Estatuto do Jornalista pode vir a pôr em causa o papel dos jornalistas como «entidades de escrutínio da qualidade da vida democrática».
Agustina Bessa-Luís já escreveu que basta que exista uma leve percepção para que o medo se instale. José Gil, autor do best-seller Portugal, Hoje. O Medo de Existir, chama a atenção para «formas de autocracia que desconhecemos». Lembra o filósofo que há sempre alguém a achar que «o que falta aqui é um Salazar». «Temos um laço de amor com o salazarismo. E esse laço de amor é também um laço com o autoritarismo. Para os que viam Portugal como um pântano, a figura do líder teimoso e obstinado é positiva para o País», explica. No entender do jornalista Fernando Dacosta, autor de diversos livros sobre a ditadura do Estado Novo, este clima de medo tem origens mais remotas: «O português, sobretudo desde a Inquisição, sempre foi traumatizado pelos poderes autoritários que aqui se instalaram.»

Ninguém nos cala

As sirenes deram o alerta e, agora, à velocidade da agenda mediática, sucedem-se os casos de alegada perseguição política. José António Borges da Rocha, por exemplo, oficial do exército, diz-se «severamente punido» por, em 2004, ter escrito ao então Presidente da República, Jorge Sampaio, contestando a decisão de não lhe ter sido concedido o estatuto de trabalhador-estudante. Na semana passada, a direcção do PSD apanhou a onda e lançou uma campanha de cartazes contra o que considera ser um clima de «intimidação»: «Não tenha medo, se o Governo o quer calar, nós falamos por si.» Afixada em locais-chave, como a Direcção Regional de Educação do Norte, no Porto, a frase tenta fazer passar a mensagem das palavras da deputada do PSD Zita Seabra: «Enquanto houver um Charrua, não nos vamos calar.» O Governo, por seu lado, contra-ataca, através de Augusto Santos Silva, ministro dos Assuntos Parlamentares, em declarações à VISÃO: «Clima de intimidação, infelizmente, conheço-o numa região do País, mas essa região não é governada pelo PS. Formas de pressão intoleráveis sobre jornalistas também as conheço em alguns sítios, mas nenhum deles é o Governo ou o Parlamento. O que vejo, isso sim, é uma oposição que, falha de causas na agenda das políticas económicas, sociais e educativas, procurou lançar sobre o Governo o labéu do alegado autoritarismo.» Há três meses, no discurso das comemorações do 25 de Abril, Cavaco Silva havia recomendado que «Portugal deve pensar-se como democracia amadurecida».
Agora, o Presidente da República repetiu o aviso, argumentando ser necessária «uma mudança de atitude» para que haja uma melhoria da qualidade da democracia portuguesa. António Costa Pinto, investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, considera que a recomendação de Cavaco Silva «não remete tanto para actos de autoritarismo burocrático-administrativo, como para o facto de estarmos muito afastados da União Europeia em indicadores como o controlo por parte da sociedade civil dos actos governativos, a participação cívica e a capacidade crítica da comunicação social e da opinião pública».
E, como se não bastasse, os Gato Fedorento, cujos sketches semanais são uma espécie de expiação colectiva das tensões nacionais, foram para férias de Verão...

terça-feira, abril 24, 2007

25 de ABRIL, SEMPRE !!!

33 anos já passaram desde aquela gloriosa madrugada...

hoje já quase não recordamos aquele tempo da voz amordaçada, da liberdade negada, do isolamento forçado.
Temos a obrigação de transmitir aos jovens de hoje que, felizmente não viveram esses tempos, a memória de como sofremos, lutámos e por fim rejubilámos, para que a "longa noite" não seja possível, nunca mais!
Ainda bem que podemos contar aos nossos filhos, quiçá aos nossos netos, que houve um tempo em que as pessoas eram perseguidas por expressarem as suas ideias e em que a cultura do medo era o nosso dia-a-dia e vê-los ficar incrédulos perante essa realidade que nem conseguem imaginar!

Graças a tantos que lutaram e resistiram durante a longa noite de 48 anos, a muitos que cantaram a liberdade - Zeca Afonso foi só o maior de todos - e aos "Capitães de Abril" que libertaram o povo português das amarras do obscurantismo e da repressão, naquela manhã de Abril, podemos hoje ter coisas tão "comezinhas" como a liberdade de expressão, de reunião, de votação livre, de sermos enfim, cidadãos por inteiro!

Mas, atenção... os "vampiros" comeram tudo e ainda comem, ainda é preciso "agitar a malta", vir para a rua gritar, continuar atento e vigilante!...

Obrigado ao Zeca e a tantos outros cantadores da resistência!
Obrigado a todos os lutadores anti-fascistas!
Obrigado aos Capitães de Abril!
Obrigado ao povo português que manteve a esperança acesa e apoiou de imediato a Revolução dos Cravos!

Viva Portugal livre, solidário e democrático!

segunda-feira, abril 02, 2007

INCURSÃO PELO BAIXO ALENTEJO

Um fim-de-semana muito tranquilo e enriquecedor, passeando pelas margens do Guadiana


O Alentejo é lindo quando a Primavera...






POMARÃO

onde embarcava o minério vindo da Mina de S. Domingos, rumo a Inglaterra


...passando por Mértola, a linda moura encantada




PULO do LOBO



Melro-Azul



SERPA


sábado, março 31, 2007

Os Pequenos Ditadores *


Gostaria de lançar aqui um tema que, não sendo muito novo, se pode considerar uma nova patologia social, um fenómeno social alarmante, que diz respeito à “criação” de filhos agressores e tiranos no seio das famílias .

Mas, é preciso fazer, antes de mais, uma ressalva - a maioria dos jovens não são tiranos, os pais geralmente educam correcatmente os seus filhos e transmitem-lhes bons padrões educativos.

Ao abordar o problema dos filhos tiranos não pretendo fazer crer que tudo é um desastre. A maioria das famílias funciona bem.


Contudo, vemos cada vez mais o aparecimento de “pequenos tiranos”, filhos únicos (ou os mais novos cujos irmãos já abandonaram a casa) que impõem aos pais as suas próprias leis. Caprichosos, desobedientes, desafiadores e que não aceitam a ser contrariados ou a não satisfação dos seus desejos. A tirania infantil reflecte uma educação familiar e ambiental distorcida.

“A criança tirana destrói-se a ela mesma pelo seu egocentrismo desmedido, mas, além disso, origima nos outros a depressão, a ansiedade e a ira (Pleux, 2002)”.

Hoje em dia, os meios de comunicação já apresentam dados nesta área – há fugas de casa, violência em diversos graus, absentismo escolar, roubos, enganos…

Genericamente não são adolescentes que possam ser definidos como delinquentes – a maioria deles não chega a agredir os pais, pelo menos fisicamente. Muitas vezes abandonam os estudos e não têm obrigações nem participam em actividades ou relações interactivas.

As ‘causas’ da tirania, residem em:

Uma sociedade permissiva que ensina às crianças os seus direitos mas não os seus deveres. Para não os “traumatizar” é-lhes permitido e oferecido tudo o que os seus pais ou avós não tiveram. Há falta de autoridade.

Meios de comunicação, com destaque para a TV, que inunda as crianças com filmes que convidam à violência grtauita. E onde se publicitam brinquedos que deixam nas suas mãos a capacidade de decidir “ a vida do outro”. A televisão é também utilizada por muitos pais como baby-sitter.

A grande mudança que se registou no modo de vida. As crianças passam muito tempo sós. O bom consiste em fazer tudo cada vez mais depressa, vivemos em contra-relógio. Não há tempo para ouvir, contar histórias ou brincar com os filhos. Os pais estão demasiado cansados e os filhos vivem com stress e agendas carregadas de actividades escolares e extra-escolares .

Uma estrutura familiar que se modificou. As famílias têm só um ou dois filhos aos quais não podem faltar os ténis ou as calças “de marca” acabando por fazer cedências aos filhos como forma de evitar conflitos e com a desculpa de não quererem que eles se sintam inferiores aos colegas e amigos. Pouco se contraria os “reis da casa” que continuarão a sê-lo toda a vida. Nas famílias em que houve uma separação, cai-se facilmente na tentação de “cativar” os filhos com presentes caros ou cedências que evitem conflitos.

Que alguns pais não façam o seu trabalho. Parecem ter medo de amadurecer, de assumir o seu papel. É tarefa dos pais falar com os seus filhos, ouvi-los e preocupar-se com eles, conhecer com quem e por onde andam.
Há pais que não só não se fazem respeitar como menosprezam a autoridade dos professores ou de outros cidadãos quando estes, em defesa da sã convivência, repreendem os seus descendentes ( veja-se o crescente número de casos de agressões a professores…).

A minha convicção é que temos de educar os nossos jovens ensinando-os a viver em sociedade, captar e sentir afecto, formá-los com base na empatia e transmitir-lhes valores. A empatia, a capacidade de “pôr-se no lugar do outro”, é o antídoto da violência.

Precisamos de motivar os nossos filhos sem o estímulo oco do consumismo e da insaciabilidade.
Educá-los com base nos seus direitos e deveres, na tolerância, na partilha, marcando regras e sabendo dizer “Não”.

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* Síntese a partir do livro “O pequeno Ditador”, Javier Urra, A Esfera dos Livros, Fevereiro 2007

terça-feira, março 20, 2007

ALAMAL - Destino de eleição entre Alentejo e Beiras


Este é um dos locais em que no Alto Alentejo se está mais perto do céu.
Na areia da praia ou na relva próxima, sob a sombra frondosa de árvores que têm irmãs nos jardins da antiga Quinta do Alamal, com a calma repousante do Tejo em frente, sempre igual e sempre novo, guardado aqui pela majestade da fraga onde se ergue o castelo de Belver, com o comboio da Beira Baixa a distrair-nos de quando em quando, este é o espaço de eleição para o anti-stress.

A Câmara de Gavião adquiriu há anos a Quinta do Alamal onde construiu o 'Centro Integrado de Lazer' (CIL) cuja exploração concessionou ao Inatel, que assume uma renovada vontade de fazer deste local um dos seus pólos privilegiados de desporto-aventura.




Para tal, acaba o Inatel de concessionar toda a animação e actividades de desporto ao 'Clube Trilho' que desenvolve já reconhecido trabalho nessa área, explorando cumulativamente o bar-restaurante da praia fluvial.
Para fazer praia, praticar desportos de natureza e de aventura ou participar em passeios de índole cultural, o Alamal é destino privilegiado que oferece ainda uma instalação hoteleira com a qualidade do Inatel.

Também os jardins do Alamal são magníficos, apresentam-se em declives com tanques e a sua flora é muito peculiar. Estes jardins integram-se no CIL do Inatel mas a sua visita é livre e existe ainda um encantador passeio pedonal à beira Tejo.

Perca-se e encante-se no Alamal, a única praia fluvial com bandeira azul no sul do país, distinção que partilha com uma outra única praia fluvial, essa em Trás-os-Montes.

Tais: Os Têxteis de Timor-Leste



A partir de um texto de Maria José Sacchetti, Arquitecta, Profesora auxiliar da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa.

A ilha de Timor, longa e estreita, com a forma semelhante a um cro­codilo, segundo uma das lendas da tradição Maubere, está inserida no arquipélago indonésio, situada a menos de 500 quilómetros da Austrália.
No caso específico de Timor-Leste, que ocupa metade da ilha, torna-se muito difícil identificar e territorializar os vários grupos étnicos, com uma grande diversidade cultural e linguística, provenientes das antigas guerras internas e das consequentes integrações de subgrupos em outros grupos.

É preciso entender que apesar de Timor-Leste se encontrar dividido em treze distritos, as diferentes línguas são cerca de quinze e distribuem-se de uma forma esparsa e errática por todo o território. Tal diversificação é transposta para os têxteis, em termos de cores, motivos e técnicas usados na tecelagem.

O significado dos têxteis

Os têxteis que saem dos teares não são destinados prioritariamente a serem usados, excepto quando já estão gastos ou se destinam a cerimónias que celebram as várias fases da vida de um indivíduo: apresentação de um recém-nascido, dia de iniciação na caça de um jovem guerreiro, casamento, enterro, etc.. Ou ainda em certos rituais que se prendem com as tradições do grupo: inauguração de uma casa, p.ex. Em todas estas cerimónias está implicado o indivíduo, a linhagem, a família e a etnia ou grupo em que ele se encontra inserido, e é aqui que os têxteis ganham uma importância relevante, como produtos de troca nas relações sociais e eco­nómicas, assegurando a sobrevivência da linhagem e do grupo.

As fibras e as tingiduras

Os vários processos de fiação e tecelagem têm lugar essen­cialmente durante a estação seca. São actividades femininas, muito valorizadas pelos membros masculinos e femininos de cada grupo, inteiramente conscientes da importância dos têxteis nas relações mencionadas anteriormente.
A principal fibra utilizada é o algodão, e onde ele é cultivado a fiação manual é ainda comum, especialmente para têxteis que possuam um carácter especial.

O algodão comercializado e fios pré-tingidos encontram-se com facilidade nos mercados regionais, assim como corantes químicos. A cidade de Lospalos, por exemplo, é conhecida pela sua produção têxtil, utilizando o fio comercializado e corantes químicos.
As fibras sintéticas têm, consistentemente, feito a sua intrusão nos têxteis, e hoje é possível adquiri-las na maioria dos mercados regionais: rayon, acetato, acrílico e polyester, para além de fios metálicos, na maioria dourados (antigamente obtidos, nalgumas regiões, a partir da fundição de moedas holandesas).
Contudo, as tingiduras naturais são muito usadas em toda a ilha, sendo o vermelho a cor dominante. A explicação para este facto não é clara. Embora existam alguns autores que apontam para uma inspiração a partir do tom das buganvílias em flor durante a estação seca, esta cor, para muitas comunidades timorenses, está tradicionalmente associada à vida, ao sangue e à coragem.
Timor tornou-se conhecido pelas cores vivas dos seus têxteis, embora essa não seja uma característica comum em todo o território de Timor-Leste.

Os teares tradicionais


O fabrico das armações, onde é executada a técnica do ikat e teares, está geralmente a cargo dos homens. Complexos de serem entendidos no seu funcionamento, possuem, na esmagadora maioria dos casos, um aspecto muito rudimentar.
Uma vez os fios paralelos uns aos outros, a tecedeira inicia o seu minucioso trabalho de atar, cobrindo pequenas porções de vários fios, de maneira a formar um desenho, só visível bastantes dias mais tarde, após o tingimento e novo esticamento das meadas na teia.

Os teares, bem mais complexos nos seus componentes, mas igualmente rudimentares, são teares de cintura. Estes obrigam as tecedeiras a trabalhar sentadas no chão de pernas estendidas, geralmente em esteiras por elas elaboradas, esticando o próprio tear e a teia, com a tensão exercida pelo seu corpo, atra­vés de uma cinta que ela faz passar nas costas, na zona lombar.

A tecelagem é feita por tecedeiras que vivem nas comunidades locais, onde elas e as suas famílias são responsáveis por todo o processo, desde a preparação dos fios à operação de atar as linhas para formar o desenho, ao tingimento dos fios culminando com a tecelagem dos panos. A produção inclui muitas vezes a combinação das técnicas de ikat e sotis (passagem suplementar na teia).

Os diversos tais

Embora o vestuário ocidental seja largamente usado no dia-a-dia, os têxteis locais ainda têm um significado muito importante nos rituais que celebram as mudanças das várias fases da vida ou o status social, nos rituais anímicos ou outros que se prendem com a agricultura. Nas cerimónias, os homens vestem panos rectangu­lares, denominados "tais mane", compostos por dois ou três painéis cosidos entre si, que envergam à volta da cintura, e as mulheres vestem "tais feto" semelhantes, mas cosidos numa forma tubular, para assentar justo ao corpo, usados à volta da cintura ou atravessados na zona do peito, apenas com uma prega em baixo para permitir o movimento. Pequenas faixas (salendas) são muito populares como elementos de troca ou como presentes. Ambos os tais, para além de serem usados nas cerimónias, rituais religiosos e festas, constituem igualmente presentes muito apreciados para dar e trocar entre os membros da comunidade.

Os motivos tradicionais

Os padrões e os motivos têm um grande significado para os timorenses, tanto para aqueles que tecem como para os que vestem os tais.
Por toda a ilha, os motivos continuam a ser tradicionais na sua origem. Estes evocam maioritariamente os animais e elementos da natureza, directamente associados aos mitos e aos ritos tradicionais: figuras antropomórficas com os braços e as mãos esticados são comuns, assim como representações zoomórficas de pássaros, galos, crocodilos, cavalos, peixes e insectos de água. Plantas, árvores (origem da vida e centro do mundo), e folhas, também surgem de uma forma consistente. Os desenhos geométricos, semelhantes a ganchos e losangos, localmente conhecidos por kaif, são de um modo geral interpretações da cultura Dong-Son.
Estes motivos foram todos herdados dos antepassados, e, tal como as receitas, transmitidos de mãe para filha. Os desenhos são sistemas de reconhecimento de uma linguagem cultural e representam os mitos ancestrais de todo o grupo e os seus símbolos. Mesmo quando estes motivos não podem ser associados a qualquer simbologia cultural, representam sempre mais do que uma mera decoração, como por exemplo o prestígio do indivíduo que enverga o tais, a sua posição na escala social, etc.

Os tais de Timor-Leste

Em Díli, os tais têm um cariz mais comercial e surgem com cores vivas e faixas muito estreitas em ikat, intercaladas com muitas outras estreitas riscas em cores sólidas. São usados o fio de algodão importado e corantes químicos, mas o processo meticuloso de elaborar o desenho através do atamento das linhas e tingimento do padrão nos fios, segue o método das vilas mais remotas.

Possivelmente devido à influência portuguesa que acabou por deixar marcas relevantes na vivência nesta metade da ilha, os motivos florais de inspiração europeia, assim como os de inspiração religiosa, são os mais evidentes, suplantando os motivos do gancho e do losango que encontramos em Timor Ocidental.

Fonte: http://www.turismotimorleste.com/

quarta-feira, março 14, 2007

CHEGOU A PRIMAVERA

CHEGOU A PRIMAVERA !


Estamos quase, quase na estação do ano que eu mais gosto. Até parece que ela já chegou mas receio bem que não seja ainda para ficar...

Os dias têm estado luminosos e a temperatura atinge os 20/21º, muito agradáveis.
Até já chegaram as andorinhas!...

Estive no Alentejo profundo e estava tudo lindíssimo - o céu muito azul, os campos muito verdinhos e as flores a "explodir" por todo o lado, numa paleta de belos matizes.

Acordar naquela paz, com o chilrear dos pássaros e o cantar do meu galo, pode parecer um lugar-comum, mas é mesmo delicioso e faz esquecer completamente o rebuliço da grande cidade!...

Aceitem o meu conselho, aproveitem esta altura do ano para conhecer melhor o Alentejo, antes que o estraguem, e percam-se num desses "turismos rurais" (alguns ainda são um segredo bem guardado) para um fim-de-semana em comunhão com a natureza.

Sugestões: 'Monte do Chora-Cascas', 'Herdade da Matinha', 'Monte da Fornalha' e tantos outros. Mas, o que tem piada mesmo é fazer as nossas próprias descobertas e contar o segredo só aos amigos...

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

ZECA AFONSO


Completam-se hoje 20 anos sobre a morte de ZECA AFONSO

Balada do Outono

Águas passadas do rio
Meu sono vazio
Não vão acordar
Águas das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar

Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar

Águas do rio correndo
Poentes morrendo
P'ras bandas do mar
Águas das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar

Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Cantata da Paz


Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar

Vemos, ouvimos e lemos
Relatórios da fome
O caminho da injustiça
A linguagem do terror

A bomba de Hiroshima
Vergonha de nós todos
Reduziu a cinzas
A carne das crianças

DÁfrica e Vietname
Sobe a lamentação
Dos povos destruídos
Dos povos destroçados

Nada pode apagar
O concerto dos gritos
O nosso tempo é
Pecado organizado.

Como este mundo seria bem mais justo se existissem mais pessoas como TU...

PORQUE

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude

Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner Andresen

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Agora que os dias são frios e tantas vezes cinzentos, que bem que sabe rever este caminhar na areia da espuma dos dias de Verão...