quarta-feira, março 21, 2012





Francisco Guterres Lu Olo e Taur Matan Ruak vão disputar a segunda volta das presidenciais de Timor-Leste, ainda sem data marcada, depois de apurados mais de 75 por cento dos votos do escrutínio de sábado no país.

Segundo os últimos resultados provisórios, divulgados pelo Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) de Timor-Leste, Francisco Guterres Lu Olo obteve 128.266 votos (28,48 por cento) e Taur Matan Ruak 113.553 votos (25,18 por cento).

São os seguintes os resultados eleitorais provisórios divulgados pelo STAE quando estão contados 475.795 votos (75,94 por cento):
1 - Francisco Guterres Lu Olo - 128.266 (28,48 por cento)
2 - Taur Matan Ruak - 113.553 (25,18 por cento)
3 - José Ramos-Horta - 80.291 (17,81 por cento)
4 - Fernando La Sama de Araújo - 79.653 (17,67 por cento)
5 - Rogério Lobato - 16.090 (3,56 por cento)
6 - José Luís Guterres - 9.053 (2,01 por cento)
7 - Manuel Tilman - 2.080 (1,80 por cento)
8 - Abílio Araújo - 6.139 (1,36 por cento)
9 - Lucas da Costa - 3.826 (0,85 por cento)
10 - Francisco Gomes - 3.505 (0,78 por cento)
11 - Maria do Céu Lopes da Silva - 1.820 (0,40 por cento)
12 - Angelita Pires - 1.219 (0,38 por cento)
A nível distrital a classificação dos quatro candidatos mais votados é a seguinte:
Aileu
Taur Matan Ruak - 2.794 (15,74%)
Francisco Guterres Lu Olo - 2.598 (13,70%)
José Ramos-Horta - 6.818 (35,96%)
Fernando La Sama de Araújo - 3.269 (17,24%)
Ainaro
Taur Matan Ruak - 2.824 (11,48%)
Francisco Guterres Lu Olo - 3.357 (13,65%)
José Ramos-Horta - 5.106 (20,76%)
Fernando La Sama de Araújo - 9.637 (39,18%)
Baucau
Taur Matan Ruak - 18.509 (42,21%)
Francisco Guterres Lu Olo - 21.371 (48,74%)
José Ramos-Horta - 749 (1,71%)
Fernando La Sama de Araújo - 935 (2,13%)
Bobonaro
Taur Matan Ruak - 8.176 (20,11%)
Francisco Guterres Lu Olo - 8.268 (20,34%)
José Ramos-Horta - 9.260 (22,78%)
Fernando La Sama de Araújo - 10.215 (25,13%)
Covalima
Taur Matan Ruak - 5.613 (20,78%)
Francisco Guterres Lu Olo - 6.922 (25,62%)
José Ramos-Horta - 3.942 (14,59%)
Fernando La Sama de Araújo - 7.651 (28,32%)
Díli
Taur Matan Ruak - 27.697 (31,68%)
Francisco Guterres Lu Olo - 22.595 (25,84%)
José Ramos-Horta - 18.429 (21,08%)
Fernando La Sama de Araújo - 12.164 (13,91%)
Ermera
Taur Matan Ruak - 6.319 (13,75%)
Francisco Guterres Lu Olo - 9.014 (19,61%)
José Ramos-Horta - 16.617 (36,15%)
Fernando La Sama de Araújo - 7.584 (16,50%)
Lautém
Taur Matan Ruak - 8.749 (30,99%)
Francisco Guterres Lu Olo - 12.052 (42,69%)
José Ramos-Horta - 1.512 (5,36%)
Fernando La Sama de Araújo - 4.300 (15,23%)
Liquiça
Taur Matan Ruak - 5.575 (19,60%)
Francisco Guterres Lu Olo - 6.352 (22,33%)
José Ramos-Horta - 5.453 (19,17%)
Fernando La Sama de Araújo - 7.649 (26,89%)
Manatuto
Taur Matan Ruak - 7.026 (34,83%)
Francisco Guterres Lu Olo - 4.092 (20,28%)
José Ramos-Horta - 3.880 (19,23%)
Fernando La Sama de Araújo - 2.624 (13,01%)
Manufahi
Taur Matan Ruak - 4.131 (18,46%)
Francisco Guterres Lu Olo - 6.152 (27,50%)
José Ramos-Horta - 2.918 (13,04%)
Fernando La Sama de Araújo - 5.396 (24,12%)
Oecussi
Taur Matan Ruak - 6.380 (22,93%)
Francisco Guterres Lu Olo - 4.617 (16,59%)
José Ramos-Horta - 4.997 (17,96%)
Fernando La Sama de Araújo - 6.318 (22,70%)
Viqueque
Taur Matan Ruak - 9.760 (27,58%)
Francisco Guterres Lu Olo - 20.876 (58,98%)
José Ramos-Horta - 610 (1,72%)
Fernando La Sama de Araújo - 1.911 (5,40%)

Dos 475.795 votos contados, o STAE considerou 450.905 válidos, 18.115 como nulos e 6.478 em branco.
A taxa de abstenção ainda não é conhecida.
O STAE envia hoje os resultados provisórios para a Comissão Nacional de Eleições, que terá 72 horas para resolver reclamações e confirmar resultados provisórios.
Os resultados oficiais serão anunciados pelo Supremo Tribunal de Recurso o mais tardar até ao início da próxima semana.

19 de Março de 2012, 08:55

MSE. / Lusa/Fim

http://presidenciais.sapo.tl/2012/ 


terça-feira, março 20, 2012

Presidenciais em Timor iniciam fase decisiva para consolidar democracia


Primeiro-ministro, Xanana Gusmão, e a mulher, Kirsty Sword Gusmão

Campanha decorreu sem sobressaltos. Dez anos após a independência, novo teste à estabilidade. Há 12 candidatos mas corrida parece resumir-se a três. Resultados projectam legislativas.
Será bem-sucedida a estratégia do Presidente Ramos-Horta, que optou por uma campanha minimal? O prestígio de ex-chefe das Forças Armadas, somado ao apoio de Xanana Gusmão, valerá a eleição a Taur Matan Ruak? O peso da histórica Fretilin permitirá a Francisco Lu-Olo Guterres melhorar o que fez em 2007, quando chegou à segunda volta?

Se nenhum dos candidatos conseguir hoje, na primeira ronda das presidenciais timorenses, mais de metade dos votos - cenário provável devido à existência de várias candidaturas fortes e ao elevado número de concorrentes, 12 - os eleitores regressam às urnas no dia 14 de Abril para escolher entre os dois mais votados. E a 29 de Junho serão chamados a eleger um novo Parlamento. 
Qualquer que seja o resultado das presidenciais, o que Timor-Leste está a viver - hoje e nos próximos meses - é um teste à estabilidade e ao estado da sua democracia. "Se a eleição for bem-sucedida vai demonstrar que o povo de Timor-Leste aceita e valoriza a participação eleitoral, o que reflecte a consolidação da democracia. No entanto, se não correr bem, se for marcada por violência ou práticas desleais, pode fatalmente enfraquecer a ideia de democracia", disse ao PÚBLICO Damien Kingsbury, da Deakin University, na Austrália, que se declara optimista sobre o processo.
Paulo Gorjão, director do Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança, concorda que a eleição presidencial é "um teste à estabilidade" de um país que em Maio completa dez anos de independência. E também não antevê problemas. "Toda a gente conviverá bem com o resultado", considera o investigador, para quem nas legislativas haverá "maior tensão". Porquê? Estará em causa o poder executivo e desenha-se um "confronto partidário com um traço de natureza pessoal" entre Xanana e Mari Alkatiri, actual e ex-primeiro-ministro, há muito desavindos. 
A campanha, marcada pela morte de Xavier do Amaral, Presidente efémero em 1975, e que também era candidato, decorreu em ambiente calmo. O que é um dado relevante. Há cinco anos foi diferente: estava bem viva a agitação de ex-militares que parecia ir mergulhar novamente o país no caos. Em 2008, os atentados contra Horta e Xanana mantiveram as preocupações na agenda. Um tal passado acentua a importância das eleições deste ano. 
Se não houver problemas será provável a partida, no fim do ano, das forças estrangeiras chamadas a estabilizar a situação, incluindo a GNR portuguesa. Ficará também facilitada a integração de Timor na ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático). Além disso, como há dias assinalava a revista Economist, os investidores externos vão perceber "que o país deixou para trás os anos de violência". 

Os favoritos e os outros
Nas terceiras presidenciais em Timor, segundas desde a independência, Ramos-Horta, Matan Ruak e Francisco Lu-Olo Guterres são, para Damien Kingsbury, os candidatos com mais possibilidades de conseguirem a maioria dos votos dos 628.454 eleitores. O primeiro procura um inédito segundo mandato depois de em 2007, na segunda volta, ter derrotado Lu-Olo, com quase 70% dos votos. Tem como crédito uma "bem-sucedida presidência", considera o investigador australiano, autor de vários estudos sobre Timor. 
Matan Ruak, chefe da guerrilha na fase final da ocupação, e até há poucos meses chefe das Forças Armadas, entra em diferentes franjas do eleitorado e conta com o apoio de Xanana - que há cinco anos estava com Horta - e do seu CNRT (Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste, criado em 2007). Lu-Olo repete a candidatura pela histórica Fretilin (Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente, partido mais votado mas na oposição). Em 2007, foi o mais votado entre os oito candidatos da primeira volta, com 27,89%, mas perdeu depois para Horta. "Há outros que também podem ter bom desempenho, mas só dois passam à segunda volta e a maioria das pessoas espera que sejam dois desses três", acrescenta Kingsbury.
Para Paulo Gorjão, o leque de favoritos é ainda mais restrito. "Se houver vencedor à primeira volta é surpresa, se não forem Ramos-Horta e Matan Ruak a passar à segunda também", disse ao PÚBLICO. Lu-Olo tem o apoio do maior partido, mas "não tem muito carisma" nem "capacidade de ir buscar eleitorado a outros quadrantes", ao contrário dos rivais, considera. 
"A minha dúvida é se o facto de Ramos-Horta ser o incumbente e a popularidade lhe chegam", diz o investigador português, que vê na decisão do Presidente de não fazer campanha uma forma de "se proteger de uma possível derrota". A não-campanha de Horta não o impediu de fazer declarações nem promessas. Já com as eleições à vista defendeu, por exemplo, a revisão das pensões de deputados e governantes. 
Damien Kingsbury entende que, se passar à segunda volta, o Presidente, que avançou sem apoio partidário, tem boas possibilidades de ser reeleito, mobilizando o apoio dos não alinhados com o adversário. "Se enfrentar Lu-Olo, as suas hipóteses serão talvez maiores do que se tiver como adversário Ruak e depender do apoio da Fretilin, especialmente porque a Fretilin também simpatiza com Ruak - eles tentaram, sem êxito, que fosse ele o seu candidato", afirma.
Fernando La Sama de Araújo, presidente do Parlamento, que em 2007 foi terceiro, com mais de 19%, não é incluído no lote de favoritos. Rogério Lobato, ex-ministro, condenado por autoria indirecta de quatro homicídios, indultado por Horta; e José Luís Guterres, ex-vice-primeiro-ministro e aliado do CNRT, são também candidatos. Concorrem ainda Manuel Tilman, ex-deputado ao Parlamento português; Abílio Araújo; Francisco Gomes; Lucas da Costa; Angelita Pires, julgada e absolvida por instigação do atentado que em 2008 deixou Ramos-Horta gravemente ferido; e Maria do Céu Lopes da Silva.
O teste à democracia em Timor continua em Abril, ou pelo menos em Junho, com as legislativas. Os resultados das presidenciais permitirão perspectivar as eleições para a escolha do próximo Governo, ao qual se colocam como principais desafios a paz e a luta contra a pobreza - o país tem um Produto Interno Bruto per capita de 2220 dólares (Banco Mundial, 2010) e 41% da população vive com menos de um dólar por dia.

Para Paulo Gorjão, o confronto eleitoral com maior tensão serão as legislativas, não as presidenciais. Estará em causa o executivo e adivinha-se uma disputa acesa entre a Fretilin, com Alkatiri, e o CNRT, com Xanana, tendo como pano de fundo uma "pedra no sapato" da política timorense: a exclusão por Ramos-Horta, em 2007, da Fretilin, partido mais votado, do processo de formação do Governo. "Aí, de facto, é preciso que tudo corra bem."




sexta-feira, março 16, 2012

Timor-Leste: Eleições presidenciais - 17 Março 2012


12 Candidatos à Presidência da República



Manuel Tilman

Manuel Tilman, de 60 anos, é um dos candidatos às Eleições Presidenciais em Timor-Leste. Estudou Direito na Universidade Clássica de Lisboa, é professor, e o presidente do partido Klibur Oan Timor Asuwa’in (KOTA). O filho do rei de Maubisse, foi deputado na Assembleia da República Portuguesa entre 1980 a 1984. Viveu em Açores e Macau. Pertenceu à direção do CNRT na Convenção de Peniche como jurista.

Taur Matan Ruak

Taur Matan Ruak candidata-se às eleições presidenciais em Timor-Leste porque acredita que conseguirá replicar a “transição bem sucedida” que conduziu nas Forças Armadas para a liderança política do país.

Francisco Guterres "Lu Olo"

Francisco Guterres, conhecido popularmente como “Lu Olo”, não é um estreante nas andanças políticas, mas foi na guerrilha que passou 24 anos. O atual líder da Fretilin é um dos 13 candidatos às eleições presidenciais em Timor-Leste.

Francisco Xavier Amaral

Francisco Xavier do Amaral, natural de Same, foi fundador e presidente da Associação Social Democrática Timorense que se tornou em Fretilin. Proclamou pela primeira vez a independencia unilateral de Fretilin que durou cerca de duas semanas antes de Timor ser invadido pela Indonésia. Ele era o único oponente a Xanana Gusmão nas eleições de 2002, onde obteve 17.31% dos votos. Também concorreu nas eleições de 2007 onde obteve  14.39% , na primeira volta.

Rogério Tiago de Fátima Lobato

Rogério Lobato, proveniente da família Lobato de Bazartete, Liquiçá. Irmão do herói timorense Nicolau Lobato; era o antigo Ministro da Defesa da República de curta duração Democrática de Timor-Leste proclamado em 28 de Novembro de 1975 e também serviu no primeiro governo constitucional de Fretilin como Ministro Interior e foi demitido 2006. Resultado de uma crise político-militar no país e condenado em 2007 com sete anos e meio de prisão.

Maria do Céu Lopes da Silva

Maria do Céu Silva nasceu em Ataúro em 1957 e sempre esteve ligada ao trabalho humanitário.

Angelita Maria Francisca Pires

Com 46 anos, Angelita Pires é a candidata presidencial mais nova. Viveu em Portugal e na Austrália após a ocupação de Timor-Leste pela Indonésia e é sobrinha da atual ministra das Finanças, Emília Pires, e do secretário de Estado dos Recursos Naturais, Alfredo Pires.

José Ramos-Horta

José Ramos-Horta é um dos mais conhecidos habitantes Timor-Leste, tendo ocupado todos os cargos possíveis, depois de receber o Nobel da Paz em 1996, até chegar a Presidente da República, função a que se volta a candidatar nas eleições de 17 de março.

Francisco Gomes

Um engenheiro timorense formado na Indonésia e que trabalhou numa empresa de telecomunicações indonésia até 1999.

José Luis Guterres

José Luís Guterres, também conhecido como Lugu era membro do Comité Central e ex-governante do Partido Revolucionário para um Timor Leste Independente. José Luís Guterres estudou na Universidade de Cambridge, Universidade de Western Cape, na África do Sul, no Instituto Malásia de Diplomacia e Relações Internacionais e no Instituto de Estudos Estratégicos e Internacionais em Portugal.

Abilio da Conceição Abrantes de Araújo

Abilio da Conceição Abrantes de Araújo, natural de Aileu, nasceu a 18 Outubro de 1949. Andou até à primeira classe em Aileu e continuou até à quarta classe na Missão Salesiana de Lahane, Dili. Continuou os seus estudos na Escola São Francisco Xavier em Dare. Em 1962 juntou-se ao Seminário de Nossa Senhora de Fátima, de Dare. Biografia: Abílio Araújo tem uma aptidão especial pela música e durante os seus anos de estudo na Missão Salesiana e no Seminário foi regente do corod do Seminário.

Lucas da Costa

Lucas da Costa é membro do atual parlamento do Partido Democrático e reitor da Universidade da Paz. Candidata-se nestas eleições como independente.

Fernando "La Sama" de Araújo

Fernando “La Sama” de Araújo é o candidato mais jovem às presidenciais em Timor-Leste e também aquele que mais apoios recolhe junto do eleitorado mais novo.Com 48 anos, Fernando “La Sama” de Araújo, é presidente do Parlamento timorense desde 2007.