terça-feira, dezembro 30, 2008
FINAL DE ANO - Tempo de Balanços e Resoluções
quarta-feira, dezembro 10, 2008
DIREITOS HUMANOS - 60 anos depois
quinta-feira, novembro 06, 2008
Impossível não evocar hoje a lembrança deste Homem ...
DISCURSO DE MARTIN LUTHER KING, JR.
Em Washington, D.C., a capital dos Estados Unidos da América, em 28 de Agosto de 1963, após a Marcha para Washington.
O discurso de Martin Luther King, pronunciado na escadaria do Monumento a Lincoln, em Washington, foi ouvido por mais de 250.000 pessoas de todas as etnias, reunidas na capital dos Estados Unidos da América, após a «Marcha para Washington por Emprego e Liberdade». A manifestação foi pensada como uma maneira de divulgar de uma forma dramática as condições de vida desesperadas dos negros no Sul dos Estados Unidos, e exigir ao poder federal um maior comprometimento na segurança física dos negros e dos defensores dos direitos civis, sobretudo no Sul.
Devido a pressões políticas exercidas pela Presidência dos Estados Unidos - ocupada por John Kennedy -, as exigências a apresentar no comício tornaram-se mais moderadas, mas mesmo assim foram feitos pedidos claros: o fim da segregação no ensino público, passagem de legislação clara no que respeita aos direitos civis, assim como de legislação proibindo a discriminação racial no emprego; para além do fim da brutalidade policial contra militantes dos direitos civis e a criação de um salário mínimo para todos os trabalhadores, que beneficiaria sobretudo os negros.
Realizado num clima muito tenso, a manifestação foi um estrondoso sucesso, e o discurso conhecido sobretudo pela frase permanentemente repetida no meio do discurso «I have a Dream» (Eu tenho um sonho), mas também pela frase que é repetida no fim - «That Liberty Ring» (Que a Liberdade ressoe), que retoma o poema patriótico «América», tornou-se, com o discurso de Lincoln em Gettysburg, um dos mais importantes da oratória americana.
Em 1964 a Lei dos Direitos Civis foi votada e promulgada por Lyndon B. Johnson e em 1965 a Lei sobre o Direito de Votar foi aprovada.
«QUE A LIBERDADE RESSOE!»
Há cem anos, um grande americano, sob cuja sombra simbólica nos encontramos, assinava a Proclamação da Emancipação. Esse decreto fundamental foi como um raio de luz de esperança para milhões de escravos negros que tinham sido marcados a ferro nas chamas de uma vergonhosa injustiça. Veio como uma aurora feliz para terminar a longa noite do cativeiro. Mas, cem anos mais tarde, devemos enfrentar a realidade trágica de que o Negro ainda não é livre.
Cem anos mais tarde, a vida do Negro é ainda lamentavelmente dilacerada pelas algemas da segregação e pelas correntes da discriminação. Cem anos mais tarde, o Negro continua a viver numa ilha isolada de pobreza, no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos mais tarde, o Negro ainda definha nas margens da sociedade americana, estando exilado na sua própria terra.
Por isso, encontramo-nos aqui hoje para dramaticamente mostrarmos esta extraordinária condição. Num certo sentido, viemos à capital do nosso país para descontar um cheque. Quando os arquitectos da nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e da Declaração de independência, estavam a assinar uma promissória de que cada cidadão americano se tornaria herdeiro.
Este documento era uma promessa de que todos os homens veriam garantidos os direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à procura da felicidade. É óbvio que a América ainda hoje não pagou tal promissória no que concerne aos seus cidadãos de cor. Em vez de honrar este compromisso sagrado, a América deu ao Negro um cheque sem cobertura; um cheque que foi devolvido com a seguinte inscrição: "saldo insuficiente". Porém nós recusamo-nos a aceitar a ideia de que o banco da justiça esteja falido. Recusamo-nos a acreditar que não exista dinheiro suficiente nos grandes cofres de oportunidades deste país.
Por isso viemos aqui cobrar este cheque - um cheque que nos dará quando o recebermos as riquezas da liberdade e a segurança da justiça. Também viemos a este lugar sagrado para lembrar à América da clara urgência do agora. Não é o momento de se dedicar à luxuria do adiamento, nem para se tomar a pílula tranquilizante do gradualismo. Agora é tempo de tornar reais as promessas da Democracia. Agora é o tempo de sairmos do vale escuro e desolado da segregação para o iluminado caminho da justiça racial. Agora é tempo de abrir as portas da oportunidade para todos os filhos de Deus. Agora é tempo para retirar o nosso país das areias movediças da injustiça racial para a rocha sólida da fraternidade.
Seria fatal para a nação não levar a sério a urgência do momento e subestimar a determinação do Negro. Este sufocante verão do legítimo descontentamento do Negro não passará até que chegue o revigorante Outono da liberdade e igualdade. 1963 não é um fim, mas um começo. Aqueles que crêem que o Negro precisava só de desabafar, e que a partir de agora ficará sossegado, irão acordar sobressaltados se o País regressar à sua vida de sempre. Não haverá tranquilidade nem descanso na América até que o Negro tenha garantido todos os seus direitos de cidadania.
Os turbilhões da revolta continuarão a sacudir as fundações do nosso País até que desponte o luminoso dia da justiça. Existe algo, porém, que devo dizer ao meu povo que se encontra no caloroso limiar que conduz ao palácio da justiça. No percurso de ganharmos o nosso legítimo lugar não devemos ser culpados de actos errados. Não tentemos satisfazer a sede de liberdade bebendo da taça da amargura e do ódio.
Temos de conduzir a nossa luta sempre no nível elevado da dignidade e disciplina. Não devemos deixar que o nosso protesto realizado de uma forma criativa degenere na violência física. Teremos de nos erguer uma e outra vez às alturas majestosas para enfrentar a força física com a força da consciência.
Esta maravilhosa nova militancia que engolfou a comunidade negra não nos deve levar a desconfiar de todas as pessoas brancas, pois muitos dos nossos irmãos brancos, como é claro pela sua presença aqui, hoje, estão conscientes de que os seus destinos estão ligados ao nosso destino, e que sua liberdade está intrinsecamente ligada à nossa liberdade.
Não podemos caminhar sozinhos. À medida que caminhamos, devemos assumir o compromisso de marcharmos em frente. Não podemos retroceder. Há quem pergunte aos defensores dos direitos civis: "Quando é que ficarão satisfeitos?" Não estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos incontáveis horrores da brutalidade policial. Não poderemos estar satisfeitos enquanto os nossos corpos, cansados das fadigas da viagem, não conseguirem ter acesso a um lugar de descanso nos motéis das estradas e nos hotéis das cidades. Não poderemos estar satisfeitos enquanto a mobilidade fundamental do Negro for passar de um gueto pequeno para um maior. Nunca poderemos estar satisfeitos enquanto um Negro no Mississipi não pode votar e um Negro em Nova Iorque achar que não há nada pelo qual valha a pena votar. Não, não, não estamos satisfeitos, e só ficaremos satisfeitos quando a justiça correr como a água e a rectidão como uma poderosa corrente.
Sei muito bem que alguns de vocês chegaram aqui após muitas dificuldades e tribulações. Alguns de vocês saíram recentemente de pequenas celas de prisão. Alguns de vocês vieram de áreas onde a vossa procura da liberdade vos deixou marcas provocadas pelas tempestades da perseguição e sofrimentos provocados pelos ventos da brutalidade policial. Vocês são veteranos do sofrimento criativo. Continuem a trabalhar com a fé de que um sofrimento injusto é redentor.
Voltem para o Mississipi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para a Luisiana, voltem para as bairros de lata e para os guetos das nossas modernas cidades, sabendo que, de alguma forma, esta situação pode e será alterada. Não nos embrenhemos no vale do desespero.
Digo-lhes, hoje, meus amigos, que apesar das dificuldades e frustrações do momento, ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.
Tenho um sonho que um dia esta nação levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado da sua crença: "Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais".
Tenho um sonho que um dia nas montanhas rubras da Geórgia os filhos de antigos escravos e os filhos de antigos proprietários de escravos poderão sentar-se à mesa da fraternidade.
Tenho um sonho que um dia o estado do Mississipi, um estado deserto, sufocado pelo calor da injustiça e da opressão, será transformado num oásis de liberdade e justiça.
Tenho um sonho que meus quatro pequenos filhos viverão um dia numa nação onde não serão julgados pela cor da sua pele, mas pela qualidade do seu caractér.
Tenho um sonho, hoje.
Tenho um sonho que um dia o estado de Alabama, cujos lábios do governador actualmente pronunciam palavras de ... e recusa, seja transformado numa condição onde pequenos rapazes negros, e raparigas negras, possam dar-se as mãos com outros pequenos rapazes brancos, e raparigas brancas, caminhando juntos, lado a lado, como irmãos e irmãs.
Tenho um sonho, hoje.
Tenho um sonho que um dia todo os vales serão elevados, todas as montanhas e encostas serão niveladas, os lugares ásperos serão polidos, e os lugares tortuosos serão endireitados, e a glória do Senhor será revelada, e todos os seres a verão, conjuntamente.
Esta é nossa esperança. Esta é a fé com a qual regresso ao Sul. Com esta fé seremos capazes de retirar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé poderemos transformar as dissonantes discórdias de nossa nação numa bonita e harmoniosa sinfonia de fraternidade. Com esta fé poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, ir para a prisão juntos, ficarmos juntos em posição de sentido pela liberdade, sabendo que um dia seremos livres.
Esse será o dia quando todos os filhos de Deus poderão cantar com um novo significado: "O meu país é teu, doce terra de liberdade, de ti eu canto. Terra onde morreram os meus pais, terra do orgulho dos peregrinos, que de cada localidade ressoe a liberdade".
E se a América quiser ser uma grande nação isto tem que se tornar realidade. Que a liberdade ressoe então dos prodigiosos cabeços do Novo Hampshire. Que a liberdade ressoe das poderosas montanhas de Nova Iorque. Que a liberdade ressoe dos elevados Alleghenies da Pensilvania!
Que a liberdade ressoe dos cumes cobertos de neve das montanhas Rochosas do Colorado!
Que a liberdade ressoe dos picos curvos da Califórnia!
Mas não só isso; que a liberdade ressoe da Montanha de Pedra da Geórgia!
Que a liberdade ressoe da Montanha Lookout do Tennessee!
Que a liberdade ressoe de cada Montanha e de cada pequena elevação do Mississipi.
Que de cada localidade, a liberdade ressoe.
Quando permitirmos que a liberdade ressoe, quando a deixarmos ressoar de cada vila e cada aldeia, de cada estado e de cada cidade, seremos capazes de apressar o dia em que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão dar-se as mãos e cantar as palavras da antiga canção negra:
"Liberdade finalmente! Liberdade finalmente! Louvado seja Deus, Todo Poderoso, estamos livres, finalmente!"
Fonte:
Martin Luther King, Jr, The Peaceful Warrior, Nova Iorque, Pocket Books, 1968; DHnet - Rede de Direitos Humanos & Cultura.
segunda-feira, outubro 13, 2008
Foi há 12 anos que este NOBEL "alertou" o mundo para a causa timorense...
"for their work towards a just and peaceful solution to the conflict in East Timor"
Carlos Ximenes Belo José Ramos-Horta
b. 1948 b. 1949
domingo, setembro 28, 2008
TIMOR-LESTE - um paraíso por descobrir...
Nos antípodas do ambiente da cidade de Istanbul, está Timor-Leste com as suas paisagens deslunbrantes, quase 'intocadas' e com uma população total (do país) a rondar apenas 1 milhão de pessoas - acolhedoras e autênticas, e muitas, muitas crianças com sorrisos encantadores...
DÍLI com a ilha de Ataúro em fundo
Montanhas
Praias de águas turqueza e cristalinas, areias finíssimas e um mundo sub-aquático dos mais ricos e intactos do planeta.
Um país que mantém intactas as suas tradições, e em que as celebrações e rituais não são "folclore para turista ver", são autênticas demonstrações da sua riqueza cultural e animismo, lado a lado com uma fé católica única por aquelas paragens.
Tais Mane (masculino)
Por todas estas razões, um país que, apesar de ser o mais pobre do Sudeste Asiático, é riquissimo em atractivos naturais - as paisagens, as praias, a riqueza cultural e a simpatia natural dum Povo que sabe receber - merece e deve ser visitado.
Timor-Leste é lindo também debaixo de água!
Veja aqui http://www.congo-pages.org/ET/DIVE%20TIMOR/dive_timor.htm
e aqui http://seppo.ihalainen.fi/gallery/main.php?g2_itemId=1473
alguns dos melhores locais de mergulho do mundo!
sexta-feira, agosto 08, 2008
Governo liderado por Xanana Gusmão completa 1º ano
Este Governo foi capaz de dar resposta às várias e difíceis situações que teve de enfrentar, e a situação político social melhorou significatibvamente. A população de Timor, apesar de ainda enfrentar grandes dificuldades económicas e sociais, sente-se mais segura e com esperança no futuro.
Foi neste primeiro ano de governação que se lançaram as bases para reforma administrativa, que se impunha e se lançaram as bases necessárias para o arranque de grandes projectos, ao nível das infra-estruturas e do desenvolvimento económico. Foi um ano para "arrumar a casa", como se usa dizer.
O problema dos IDP e o dos peticionários estão na fase final da sua resolução.
Os Veteranos e as Vítimas da Luta, viram, finalmente, o seu sacrifício e entrega publicamente reconhecidos e recompensados, com a justa atribuição de subsídios e "indemnizações".
As instituições de Defesa (F-FDTL) e de Policiamento (PNTL) "reconciliaram-se" e trabalham de forma unida e concertada para a manutenção da estabilidade social. Exemplo claro dessa unidade foi o sucesso da "Operação Halibur" criada para a captura dos responsáveis pelos atentados de 11 de Fevereiro.
As ruas da capital estão mais limpas e seguras, as pessoas mais confiantes!
Mas, o Governo da AMP tem ainda muito trabalho pela frente, e certamente não irá baixar os braços perante os enormes desafios que o futuro lhe reserva.
Feliz Aniversário e um 2º Ano de mandato repleto de sucessos!
HIROSHIMA - Cidade de Paz - 63 anos depois
Foi em 6 de Agosto de 1945.
segunda-feira, julho 14, 2008
domingo, julho 06, 2008
BONECAS de ATAÚRO - Timor-Leste
A 28 de Junho de 2008 é inaugurada a Oficina-Museu, como resultado do trabalho, dos meses anteriores, com o Instituto Camões assim como o lançamento da página da Internet do grupo.
Viajantes no País e estrangeiro, munidas de passaporte individual, as Bonecas de Ataúro preparam-se agora para as futuras deslocações e aguardam que os visitantes do site criado por Miguel Duarte e Guilherme Cartaxo possam conhecer a sua origem e o caminho até aqui um projecto realizado ao longo de vários meses em permanente contacto com as Instituições e pessoas nele envolvidas.
Colecção "Bébés"
Merecedoras de apoio da Secretaria de Estado da Cultura e premiadas pela UNICEF, constituem o primeiro produto certificado de Timor-Leste enquanto País independente.
(Baucau, na foto)
As combinações de materiais e cores são sempre diferentes em cada modelo
Os modelos são únicos e não podem ser reproduzidos
http://www.bonecasdeatauro.com/
Copyright © 2008
Vila Maumeta – Ataúro – Timor–Leste
+670 7325830 +670 7282563 +670 7370229
Email: bonecadeatauro@yahoo.it
quinta-feira, junho 26, 2008
"Não sou um exemplo do que é viver neste mundo" - José Saramago
Ainda em convalescença, José Saramago diz que a pneumonia lhe fez "bem". Porque "relativizou tudo" e lhe deu "serenidade"
José Saramago afirma que foi a primeira vez que se "atreveu" a dizê-lo: se existe alguma mensagem nos seus livros, ela está no momento em que um cão lambe as lágrimas de uma mulher, no romance Ensaio sobre a Cegueira. É por essa passagem que o Prémio Nobel da Literatura (1998) gostaria de ser recordado no futuro.
Fala em falta de espírito crítico. Onde é que isso se nota no dia-a-dia?
No comportamento dos cidadãos. Há quem opine criticamente nos jornais. Mas o cidadão médio tem uma preguiça enorme em riscar as opiniões que não sejam aquelas que se trocam por miúdos ao longo do dia. Há três ou quatro ou 50 problemas grandes no mundo. Não vejo a participação dos portugueses nos debates de todas essas coisas.
Não sei se é congénito, não sei o que se passa connosco.
Se ele disse dia da raça é porque pensa efectivamente que deveria chamar-se assim, embora não ouse fazer essa proposta.
Não sou uma espécie de narciso que se vê ao espelho e diz "olha que bom, que pessimista que tu és". Parece que o que é bom é ser optimista. Mesmo que não haja nenhuma razão para isso. Há pessoas que têm razões para estarem contentíssimas com o mundo, têm tudo o que querem.
Não me falta nada. Mas eu não sou um exemplo do que é viver neste mundo. Sou um privilegiado. Mas não posso estar contente.
Evangelho segundo Jesus Cristo. Porque olho para o calendário e pergunto: ainda estarei vivo daqui por um ano?
Era inevitável que pensasse. Estive muito perto dela. Se me falarem sobre a morte digo: sim, já sei, estive à porta. Não cheguei a entrar, mas estive à porta.
quarta-feira, junho 18, 2008
Refugiados no mundo atingiram em 2007 o número de 37,4 milhões
Foto: http://tempodeviagem.blogspot.com/2007/06/dia-mundial-dos-refugiados.html
quinta-feira, junho 12, 2008
"ONDE NASCE O SOL" - "A HERO'S JOURNEY"
XANANA GUSMÃO, ON "A HERO'S JOURNEY" Part 1 A
Autoria: Grace Phan, Singapura
Fonte: http://br.youtube.com/watch?v=IHHtsKdTGqY
( Ver documentário completo, em partes, no Youtube )
"ONDE NASCE O SOL" - Versão Portuguesa ( brevemente disponível em Portugal )
************
Espereranças Rasgadas
Por Xanana Gusmão
Timor
Jazigo de uma alma
Que não pereceu
Nas névoas
De uma história que se perdeu
Na distância das lendas
Timor
Montanha de ossos
De uma valentia
Que bocas guerreiras
Abençoaram seus filhos
Para a perenidade dos dias
Timor
Onde a morte
só se consagra no combate
Para deter a vida
E contar a história às crianças
Que nascem para recordar
Timor
Onde as flores
Também desabrocham
Para embelezar
as sepulturas desconhecidas
‘em noites frias, infindáveis’
Timor
Onde as pessoas
nascem para morrer
pela esperança
em rasgos de dor
em rasgos de carne
em rasgos de sangue
em rasgos de vida
em rasgos de alma
em rasgos
da própria liberdade
que se alcança..
com a morte!
Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil
No total, cerca de 165 milhões de crianças entre os 4 e 15 anos trabalham no mundo, segundo a OIT, e destas mais de 100 milhões estão na agricultura, em áreas rurais onde o acesso às escolas é raro.
A disponibilidade de professores e o acesso aos meios de comunicação são muito limitados, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
A OIT, o Unicef e outras agências consideram que a educação é a melhor resposta para reduzir e, posteriormente, para erradicar o trabalho infantil, e que é necessário, além disso, impulsionar a igualdade de género, pois as meninas são sempre as mais prejudicadas pela falta de educação.
Música: "IMAGINE" - John Lennon
“Criança tem que brincar. Aprender a ser feliz.
Entrem nessa campanha vocês também: por um mundo sem trabalho infantil.”
Gilberto Gil
quarta-feira, junho 11, 2008
terça-feira, junho 10, 2008
O que é a Fibromialgia
O sintoma mais importante da fibromialgia é a dor, que pode afectar uma grande parte do corpo.
A dor da fibromialgia pode ser descrita como queimadura ou mal-estar. Às vezes podem ocorrer espasmos musculares.
Com frequência, os sintomas variam em relação à hora e ao dia, podendo ter maior incidência matinal, agravando-se com a actividade física, com as mudanças climáticas, com a falta de sono e o stress, etc.
Além da dor a fibromialgia pode causar sensação de formigueiro e inchaço nas mãos e pés, principalmente ao levantar da cama assim como ocasionar rigidez muscular.
Outra alteração da fibromialgia associada à dor é a fadiga, que se mantém durante quase todo o dia com pouca tolerância ao esforço físico.
Quando o sintoma Dominante é a Fadiga a doença tem sido designada por Síndroma da Fadiga Crónica.
Alguns doentes têm queixas gástricas e cólon irritável.
Cerca de 70% dos doentes com fibromialgia queixam-se de perturbações do sono, piorando as dores nos dias que dormem pior.
Os registos electroencefalográficos podem apresentar alterações em relação com as perturbações do sono.
Há relatos de casos de fibromialgia que começam depois de uma infecção bacteriana ou viral, um traumatismo físico ou psicológico.
Existem estudos que mostram que pessoas com esta doença, apresentam níveis baixos de algumas substâncias importantes, particularmente a serotonina e níveis elevadas de proteína P relacionados com a dor.
Dado que não existem exames ou análises que permitam a confirmação do diagnóstico, este é feito com a história clínica, a observação médica pondo em evidência pelo menos 12 de 18 pontos dolorosos representados nas figuras ao lado, associados à fadiga, às perturbações do sono e às alterações emocionais. Na Síndroma da Fadiga Crónica sem dores não há pontos dolorosos o que torna a situação muito mais aleatória.
Duração superior a 3 meses de:
- Dor difusa pelo corpo.
- Dor à apalpação de 12 de 18 pontos dolorosos.
E, pelo menos, mais 2 dos 3 sintomas seguintes:
- Fadiga
- Alterações do sono
- Perturbações emocionais
- Devem no entanto ser investigados a presença de lesões nos músculos, alterações do sistema imunológico problemas hormonais e principalmente doenças reumáticas, etc.
- No caso da fibromialgia todos os exames e análises devem ser normais.
PROGNÓSTICOS E TRATAMENTO DA FIBROMIALGIA
Há várias medicações muito úteis para atenuar os sintomas da fibromialgia e muitas outras estão a surgir.
Os estudos a longo prazo sobre fibromialgia têm demonstrado que se trata de uma doença crónica com uma evolução alternando períodos melhores com outros de grande crise em que a medicação é fundamental.
Um dos aspectos que por vezes é determinante para o prognóstico é a relação entre o doente, os familiares, os colegas de trabalho e a comunidade, e não menos importante, mas indispensável, é o apoio e uma boa relação médico / doente.
Dr. Fernando Morgado - Neurologista
ALGUMAS NOTAS SOBRE FIBROMIALGIA
Dr. Sanchez Silva *
1 - O QUE É?
Trata-se de uma doença crónica, que predomina no sexo feminino (relação mulher / homem - 10/1), caracterizada por dor generalizada, fadiga, sono não reparador e hipersensibilidade dolorosa.
2 - GRUPO EM QUE SE INSERE:
Devido ao desconhecimento das causas da doença, torna-se difícil o seu enquadramento, embora a maioria dos autores a classifique como Síndroma Astenia Crónica / Doença Reumática.
3 - PREVALÊNCIA:
Embora não haja estatísticas rigorosas para Portugal, calcula-se que 5% a 6% da população sofre da doença, havendo uma distribuição pelas diversas faixas etárias, desde a idade escolar, com predominância nas mulheres acima dos 40 anos.
Existe, contudo, uma certeza:
É, neste momento, uma doença em expansão.
A observação de diagnósticos comuns a elementos da mesma família, não nos permite, ainda, concluir que seja uma doença hereditária.
4 - FISIOPATOLOGIA:
Especula-se, ainda, acerca da origem da doença.
Sabe-se que os doentes de fibromialgia apresentam diminuição de seretonina e ácido 5 - Hidroxindolacético no LCR e no plasma, assim como elevação da substância P no LCR e hipovascularização de algumas regiões cerebrais, alterações no EEG de sono nocturno, na fase Nrem, hipertonia simpática, alterações da memória recente, além de outras alterações, mas que, todas elas são comuns a outras patologias.
O mais provável é que seja uma causa multifactorial.
5 - DIAGNÓSTICO:
Critérios de diagnóstico da Sociedade Americana de Reumatologia:
A - Manifestações nucleares
- Dor crónica generalizada, com evolução de, pelo menos, 3 meses, abrangendo a parte superior e inferior do corpo, lado direito e esquerdo, assim como o esquerdo axial.
- Dor à pressão, em, pelo menos, 11 de 18 pontos predefinidos, a saber:
1. - Ponto occipital
Bilateral, nas inserções do músculo sub-occipital.
2. - Ponto cervical inferior
Bilateral, na face anterior dos espaços inter transversários de C5 e C7
3. - Ponto trapézio
Bilateral, no ponto médio do bordo superior do músculo.
4. - Ponto supra espinhoso
Bilateral, na origem do músculo acima da espinha da omoplata, junto do bordo interno.
5. - Ponto 2ª costela
Bilateral, na junção costo-condral da 2ª costela, imediatamente para fora da junção e na face superior.
6. - Ponto epicôndilo
Bilateral, 2 cm externamente ao epicôndilo.
7. - Ponto glúteo
Bilateral, no quadrante superior externo da nádega, no folheto anterior do músculo.
8. - Ponto grande trocanter
Bilateral, posterior à proeminência trocantérica.
9. - Ponto Joelho
Bilateral, na almofada adiposa interna, acima da interlinha articular.
Os pontos dolorosos não são de dor espontânea.
A sua pesquisa deve ser efectuada com uma pressão digital de 4kg.
A dor não deve irradiar.
B - Manifestações Características:
Fadiga crónica, sono não reparador, parastesias, rigidez (sobretudo matinal), edema subjectivo, cefaleias, síndroma de cólon irritável, fenómeno de Raynaud, depressão/ansiedade, hipersensibilidade generalizada à pressão e mudanças de temperatura (tipo sindroma gripal).
O diagnóstico é exclusivamente clínico, não existindo exames subsidiários caracteristicamente positivos na fibromialgia.
6 - DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS:
Tendo em consideração que os sintomas de fibromialgia são comuns a outras doenças que têm tratamento diferente, sendo que algumas são potencialmente graves em termos de sobrevida, serão de excluir os diagnósticos de:
- Artrite reumatóide; Lupus eritematoso sistémico; Espondilite anquilosante; Polimiosite; Sindroma de Sjörgen; Polimialgia reumática; Osteomalácia ; Osteoporose; Doença vertebral degenerativa; Sindroma de dor miofascial; Hipotiroidismo;Hipertiroidismo; Hiperparatiroidismo; Sindroma paraneoplásico; Miopatia metabólica; Metastização tumural; Mieloma múltiplo, Polineuropatias; Doença de Parkinson;Sarcoidose; Infecções víricas; Neuroses; Psicoses; Ansiedade; Depressão.
Qualquer destas patologias pode coexistir com a Fibromialgia.
7 - ALGUNS MITOS:
A fibromialgia é uma Doença Psiquiátrica?
Não!
Trata-se de uma doença orgânica crónica, a qual, dadas as suas características (dor generalizada, cansaço fácil) e à incompreensão de todos aqueles que rodeiam o doente, leva, muitas vezes, a que os mesmos desenvolvam reacções do foro psíquico.
Estudos recentes (Petzeke e Col) comparativos e randomizados comprovam que nestes doentes há uma hiperalgesia, independentemente de factores psíquicos.
Basta imaginar o estado de espírito de qualquer um de nós perante uma dor de dentes contínua desde há anos e sem alívio! ...
A fibromialgia tem cura?
Não!
Aliás, com o passar dos anos, o doente tende a piorar, se não houver condições para um adequado tratamento, adaptação ou perante a ausência da ajuda de terceiros nas diversas tarefas diárias.
Há algum medicamento específico?
Não!
O tratamento é Multidisciplinar e tem de ser adaptado a cada doente e à fase em que se encontra.
O Doente de Fibromialgia é Simulador? Piegas?
Não!
Trata-se de uma Doença Orgânica, que pode ser extremamente Incapacitante, afectando seriamente a qualidade de vida do doente e para a qual não há tratamento específico.
O Doente Nunca mais pode Trabalhar?
Em alguns casos é verdade, mas na maioria Pode e Deve trabalhar, mas...
Ao seu ritmo e respeitando Períodos de Repouso e em ambientes Sem Pressão ou Stress.
Não vale a pena Tratar?
Embora a doença não tenha cura, Pode e Deve ser tratada no sentido do alívio dos Sintomas e Melhoria da Qualidade de Vida dos doentes.
8 - TRATAMENTO:
O primeiro passo é Acreditarmos no sofrimento do doente!
Seguidamente, envolver o doente no seu tratamento. Cada sujeito activo compreendendo e colaborando na responsabilidade do Sucesso / Insucesso.
Deve frisar-se que se trata de uma doença crónica e que o tratamento visa, não a Ausência de Sintomas, mas o seu Controlo.
Também teremos que estar preparados para Adaptar os esquemas terapêuticos à evolução das queixas.
É sempre um tratamento Individualizado e consta de:
1 - Tratamento Farmacológico:
A aminotriptilina, em doses baixas ( 10mg - 25mg/ dia), a fluoxetina, o diazepan e outros miorrelaxantes, ansiolíticos, indutores do sono, antiepiléticos, (o topiramato em doses até 75mg/dia tem-se mostrado útil), assim como alguns analgésicos como o paracetamol, com e sem codeína, os salicilatos, o tramadol, revelam alguma eficácia.
Os corticoesteroides, devido aos efeitos secundários e à quase ineficácia, são de Evitar!
2 - Tratamento Psiquiátrico:
O apoio psiquiátrico nunca deve ser de descurar, sempre que se revele necessário, sob a orientação de médico psiquiatra com experiência em dor.
3 - Psicoterapia Coadjuvante:
Particularmente útil nas áreas Cognitiva / Comportamental:
Aprender a viver com a doença e aceitar as suas limitações, assim como aprender a lidar com o stress.
Técnicas de Bio-Feedback têm-se mostrado úteis.
4 - Fisioterapia:
Apenas quando individualizada e efectivada por técnicos com experiência nestes doentes.
5 - Exercício Físico:
Fundamental, se adaptado às condições do doente.
Aconselha-se, essencialmente, a caminhada e natação (sem grande esforço), em ambientes agradáveis e tépidos.
É importante não descurar o Exercício Físico, porque a inacção para que tendem os doentes de Dor Crónica, acarreta consequências psíquicas e físicas como Depressão, Obesidade, Atrofia Muscular, Osteoporose, atralgias, tudo situações que acabam também e por si só, gerar doença.
9 - A FIBROMIALGIA E O DOENTE:
Como em qualquer outra doença dolorosa crónica e tendencialmente incapacitante, estes doentes apresentam-se muito queixosos, com níveis de auto-estima baixos, angustiados, revoltados, não compreendidos e uma história de grande dificuldade em gerir a sua vida familiar, laboral e social.
A FAMÍLIA:
Factor primordial, para o melhor e para o pior, na evolução destes doentes.
Muitas vezes não colabora, acusando o doente de "preguiçoso", "piegas" ou "desequilibrado" emocionalmente.
Normalmente, após elucidado, o agregado familiar passa a colaborar, sendo de grande importância, pelo suporte que pode dar ao doente.
Por vezes, a própria família precisa de Apoio.
O TRABALHO:
Devido às características da doença, a rentabilidade baixa, o que, muitas vezes, acarreta acusações dos colegas e superiores hierárquicos, criando um meio hostil.
Devem-se diminuir os níveis de Stress do doente, respeitando os seus Ritmos de trabalho e/ou mudando de Actividade profissional.
A SOCIEDADE:
Normalmente, a incapacidade inerente à doença implica uma marcada diminuição da quantidade e qualidade da Vida Social destes doentes, assim como um aumento de gastos com o consumo de Serviços de Saúde e da Segurança Social, com faltas ao trabalho e Reformas precoces.
O Estado português ainda não facilita a estes doentes os direitos que lhes deveriam ser atribuídos, de acordo com o reconhecimento da patologia já existente, revelando-se duplamente penalizante para o doente e agregado familiar.
A EQUIPA DE SAÚDE:
É fundamental Acreditar no sofrimento do doente, Ser Solidário, Não desistir, estar Disponível e Atento, Aprender e Ensinar e Nunca esquecer que o doente de fibromialgia também é passível de desenvolver outras doenças.
O MÉDICO DE FAMÍLIA:
Cremos ser a base da Gestão destes doentes, porque os conhece individualmente desde há longos anos, conhece as famílias e tem a sua confiança, o ambiente laboral e os factores de risco individuais.
São factores fundamentais para um adequado Diagnóstico Diferencial, Seguimento e Intervenção Terapêutica, assim como pela proximidade e acessibilidade ao doente.
AS ASSOCIAÇÕES DE DOENTES:
Fundamentais na Divulgação da Doença, quer na Sociedade em geral através dos Média, quer na Classe Médica, através da Organização de Eventos Científicos, de que esta Revista é um exemplo.
Muito importante, também, no Apoio Individual ao doente, quer através de troca de experiências, quer através da Orientação para os locais mais idóneos, onde procurar Tratamento, assim como organizações de Sessões de Esclarecimento individual e colectivo, orientadas para os doentes, familiares e Sociedade em geral.
Fundamentais, enquanto Grupo de Pressão sobre a Classe Médica, Órgãos de Soberania e todos os Cidadãos, no sentido de uma melhor compreensão e uma Resposta Mais Eficaz Aos Doentes!